Pois agora sentem-se que eu serei a vovó que contará uma linda história (não tão antiga assim) que muitos de vocês já devem saber direitinho cada capítulo de cor.
Há exatamente um ano atrás, no meio de um dia agitado, recebi uma mensagem de um curtidor sugerindo uma ideia que havia me soado muito promissora e interessante na época: criar um grupo próprio para a V/UD no Facebook, cujo seus membros iriam se conhecer melhor e trocar informações a respeito de Vocaloid/UTAU.
A primeira coisa que fiz diante a isso foi perguntar para a galera o que eles achavam da ideia, afinal isso nunca havia me passado pela cabeça e eu também não saberia se eu estava preparada para administrar algum grupo ou qualquer extensão extra da página. Mas para a minha alegria, todos que comentaram em unanimidade concordaram com o feito, me dando apoio e diversas sugestões para que eu não ficasse desamparada. Então não pensei duas vezes! Criei a Favela Vocalóide/UTATU!
Ah, eu mau poderia imaginar que esse grupo poderia me proporcionar tão bons momentos!
O engraçado é que sempre que começamos algum projeto ou qualquer coisa que seja, mal temos a noção das consequências que isso pode trazer. Afinal, em passos curtos não dá pra ver a caminhada completa. Sempre foi assim em tudo o que eu fiz. Comecei a página sem interesses maiores do que simplesmente me divertir e para a minha surpresa, ela cresceu e se expandiu de maneira que eu se quer poderia pensar! A mesma coisa para a Favela. Pensava que ela seria vazia e pouco frequentada, mas por ironia de tudo o que eu, uma garota ingênua e (modestamente) nada-ambiciosa pensava era que ele iria se tornar no maior grupo do fandom de Vocaloid no Brasil.
Quem se lembra? |
Eu vou ser sincera: Já pensei nas mais contraditórias opiniões a respeito do grupo e das minhas decisões. Já influenciei, já fui influenciada. Já critiquei, já fui criticada. Tive meu tempo de ouvir, de receber pedradas mas também tive o tempo de revidar tudo. Nesses 365 dias de convivência, pensei e fiz tudo em muita intensidade a respeito do grupo. Pensava em desistir, pensava em mudar, pensava em projetos (concluídos ou não), pensava nos membros, pensava em opostos e em extremos, em tudo. Tudo que envolvesse a Favela, lá estava eu pensando de um jeitinho de resolver as coisas.
Muito obrigada por isso! Eu já me envolvi em outros fandons mas nada que eu tivesse que dizer "Estou dando o melhor de mim para pessoas que nem conheço". A Favela e a V/UD são obrigações pessoais que eu me divirto fazendo, fico feliz em ajudar e amparar a todos. Uma coisa que eu sempre valorizei é a motivação. Para tudo que eu faço, eu gosto de ter um objetivo, algo que me mova. E a Favela e a página, mesmo sendo um passatempo, eu encaro com seriedade em nome das várias pessoas que se divertem e são beneficiadas com ela. Vocês não sabem o quão tudo isso é valioso para mim.
Eu tenho contato social suficiente para dizer que não sou carente de interação com pessoas, então não pensem que é um relato de uma "menina-antisocial" que acha qualquer momento na internet como um momento épico. Entretanto a Favela e a V/UD mexem bastante comigo, é o meu Império, uma das minhas casas, porque eu dedico o meu tempo, aprendo coisas novas e compartilho minha experiência com vocês. Isso é muito importante para qualquer pessoa.
A Favela recebe todos os dias várias pessoas legais e interessantes para se conhecer. É um grupo totalmente heterogêneo na qual encontramos tipos e tipos de gente. São pessoas de várias idades, de várias preferências, de diferenças ao extremo na qual resolveram se unir por causa de um amor ao hobby que todos carregavam unicamente mesmo sendo pessoas tão paralelas!
Só quem vê a coisa "de perto" pode entender! É tudo tão bonito. É apenas um grupo na internet, é apenas uma página no facebook. O melhor é que mesmo possuindo vínculos tão simples, tanto a página quanto o grupo levam coisas muito legais e bonitas: Humor levando conhecimento, pessoas diferentes se entretendo, um espacinho para falar de Vocaloid. Isso é muito bacana. Pessoas se divertindo, mesmo com alguma baderna ou barraco que seja. Amizades criadas, rivalidades ácidas, hipocrisia misturada com inteligência. É esta mistura que transforma o grupo tão único e diferente.
Justamente por essa diferença entre os membros, frequentamente há várias desavenças e opiniões se divergem de diferentes formas, causando as famosas "tretas". Mas isso não tem mesmo como evitar. Eu vejo como uma coisa natural que deve ser maleável conforme a situação nos é proposta. Em todo lugar grande, cheio e complexo é assim.
O grupo já foi muito bagunçado devido a falta de regras e rigidez por parte da administração, porque o foco inicialmente era para ser um grupo mais "livre" e não unicamente focado em Vocaloid. Depois da migração, quando mudamos de grupo, fomos deixando mais particular ao tema, para que houvesse organização.
É como Hume, um filósofo empirista dizia. A sua teoria é de que o conhecimento não vem do pensamento e sim da experiência. Então é basicamente este o conceito que eu penso para todas as pessoas que julgam o grupo e seus respectivos momentos (o Lukacismo é um exemplo, dividiu várias opiniões) sem ao menos ter contato com o ocorrido.
Nesses momentos, eu como fã de Vocaloid me sinto abandonada e vejo como o fandom poderia ser desunido. E quando eu falo "Fandom Brasileiro", não é simplesmente um grupo como a Favela ou qualquer outro de Vocaloid. Eu digo num todo, contando com qualquer fã do tema que assola o Brasil. Como se tivessem que houver distintas diferenças de superioridade entre um novato e um veterano! Como se todas os que ninguém nunca foi novato alguma vez!
Percebi que eu prefiro a inocência de alguns novatos da Favela que a ignorância dos veteranos. E que eu faria de tudo para que esses que são considerados "noobs" ou "sem conhecimento" se tornassem grandes entendedores e fãs do assunto sem precisar querer tentar humilhar alguém por conhecer mais. É uma utopia, sim é, não que eu acredite que o fandom ou o grupo irá ser perfeito algum dia, mas eu torço que tenham mais "novatos retardados" mas com vontade de aprender do que veteranos que desprezam os outros a troco de nada.
Foi isso que eu aprendi. Que se eu quisesse ter algum tipo de status, eu poderia ter, estava bem nas minhas mãos. Poderia muito bem ignorar todos aqueles briguentos, poderia não me interromper em brigas dizendo que "sou muito adulta para isso", poderia dar ban nas pessoas que eu odeio e transformar a Favela numa panelinha ideal. Ai eu teria tudo o que muitas pessoas querem! Carisma das pessoas, um reconhecimento maior que toda pessoa preocupada com uma fútil fama desejaria no fandom. Mas eu optei por segurar o meu cargo de administradora geral e abraçar todos, desde o novato que confunde a Luka com a Super Sonico até mesmo tentar amolecer o coraçãozinho daquele veterano carrancudo que tenta a todas as custas mostrar que é melhor do que alguém só porque conhece o assunto há mais tempo. Foi isso que eu escolhi. Prefiro ser chamada de chata do que de puxa saco ou ignorante.
Se dá trabalho? Ôh se dá! Tentar deixar tudo na harmonia, deletar e banir infratores, planejar novas regras, pensar em soluções viáveis para solucionar probleminhas aqui ou ali. Ah, eu já perdi a conta de quantas noites das minhas férias eu perdi discutindo coisas para melhoria do grupo. Mas não me arrependo em momento algum! Tudo vale a pena no final, as coisas somente tem que ser bem planejadas.
Podem ter toda a certeza que eu cuido da Favela como se ela fosse uma "filha", na qual eu devo ajudar a educar, corrigir, dar amor, ajudar... É um Império inestimável que eu jamais vou abandonar! E tenho certeza que as pessoas que me ajudam nisso (seja os colaboradores, parceiros, a equipe tanto da página quanto do grupo) também pensam o mesmo e me deram as mãos para alavancar ainda mais tudo isso que nós ajudamos a construir.